Senta-te diante da folha de papel e escreve. Escrever o quê? Não perguntes. Os crentes têm as suas horas de orar, mesmo não estando inclinados para isso. Concentram-se, fazem um esforço de contensão beata e lá conseguem. Esperam a graça e às vezes ela vem. Escrever é orar sem um deus para a oração. Porque o poder da divindade não passa apenas pela crença e é aí apenas uma modalidade de a fazer existir. Ela existe para os que não crêem, como expressão do sagrado sem divindade que a preencha. Como é que outros escrevem em agnosticismo da sensibilidade? Decerto eles o fazem sendo crentes como os crentes pelo acto extremo de o manifestarem. Eles captarão assim o poder da transfiguração e do incognoscível na execução fria do acto em que isso deveria ser. Escreve e não perguntes. Escreve para te doeres disso, de não saberes. E já houve resposta bastante.
Vergílio Ferreira, in 'Pensar'
20:13 |
Este senhor é muito complicado... como tu, aliás. Gosta dos palavrões (tb como tu)que grande parte dos portugueses têm de ir ao dicionário verificar o que significa e metade desses é preguiçoso demais para se dar a esse trabalho. Mas admito que sabe escrever e mais que isso sabe pensar... sim...finalmente percebo porque é o teu mestre.
Digo e afirmo:"Devia perguntar-me porque escrevo isto. E por vezes pergunto-me realmente: nunca sei bem. O que é verdadeiro não se sabe porque é, e quando se sabe porque é, já não interessa, porque já foi. Escrevo como respiro, por uma conformação especial do meu corpo, que é curioso." Vergílio Ferreira in Alegria Breve
Este senhor é muito complicado... como tu, aliás. Gosta dos palavrões (tb como tu)que grande parte dos portugueses têm de ir ao dicionário verificar o que significa e metade desses é preguiçoso demais para se dar a esse trabalho. Mas admito que sabe escrever e mais que isso sabe pensar...
sim...finalmente percebo porque é o teu mestre.
Posted by
TatianaCarvalho |
23:42