segunda-feira, outubro 09, 2006 

Cinema - "Transe"

Fui ontem ver o novo da Teresa Villaverde. Por motivos de vendas de bilheteiras o filme seguiu directamente para o Cine-Estudio do Campo Alegre sem passar por qualquer outra sala de cinema, nomeadamente uma das 4 do Cidade do Porto. Este facto inquieta-me não por este filme mas por se tornar norma que os filmes portugueses sejam atirados para um canto mesmo sem saber a resposta dos espectadores.
Com este pensamento negativo entrei no teatro do Campo Alegre, mas o que lá senti mudou-me a opinião. Um cinema fora de um shopping é uma coisa obsoleta e sem sentido, e os filmes só fazem sentido com bastantes pipocas e afins. Apesar de eu não concordar com isto há muito tempo que não ia a um cinema que não estivesse rodeado por um centro comercial. E foi isto que mais me agradou, a ideia de espera conjunta em que toda a gente se sentava pelos bancos e poltronas rodeando a sala de espera, em que gente conversava ou lia sem olhar para uma televisão. Trouxe-me o que devia ser o cinema antes dos centros comerciais. E eu gostei.



Do filme, acho que o nome o descreve. Tudo nos é revelado de uma maneira dura e fria, como a história pede. De tal forma dura que os planos são fixos e quase não mudam na mesma cena. Quase fazendo-nos sentir aquela impotencia quando queremos ver o que se passa mais a lado mas não vemos.
Ana Moreira está grande, desdobrando-se em linguas e paises, sem perder a emotividade, ou a falta dela.
Da história, apesar de ser inquietante e por isso trazer muitas vezes a consciencia de cada um para o meio da rua, não foge do titulo filme Português e por isso por vezes torna-se confuso, mas não demasiadamente, e sempre sempre sem grandes consequencias na compreensao do filme.

Para ver e rever

sábado, outubro 07, 2006 

Verso Vivo

Cansei-me do papel,
quero tatuar os meus poemas no teu corpo.
Quero provar o teu gosto a poesia,
morder o verso despido
desfolhar o teu corpo por entre o segredo
e desenhar cada letra devagar,
juntar ao café da tua pele
ao aroma do teu sorriso,
a firmeza do teu peito
o cansaço das tuas pernas.
Quero beber-te
consumir-te numa tarde,
quando for poeta
e tu meu poema.

Pedro Afonso, O Gesto do Vento, Corpos Editora, 2004

quinta-feira, outubro 05, 2006 

O oráculo!

Go to your music player of choice and put it on shuffle. Say the following questions aloud, and press play. Use the song titles that come up to answer each question.

How does the world see me? É preciso ter calma - Toranja

(eu sou assim tão nervoso?)

Will I have a happy life? Love Don't Let Me Go - David Guetta

( é benhe! )

What do people really think of me? Incubus - Agorophobia

(Nunca tive medo de multidões, se bem que não goste muito)

Do people secretly lust after me? Sexo Mono - Pluto

(anh?)

How can I make myself happy? Who Knew - Pink

(pois, ninguém sabe…)

What should I do with my life? Chubby Mounds - Old Jerusalem

(devo fazer montinhos balofos?)

Will I ever have children? Feel Good Inc. - Gorillaz
(desde que elas se sintam bem com isso?)

What is some good advice for me? Do You Want to? - Franz Ferdinand

(Quero!)

What do I think my current theme song is? Porque me Olhas Assim - Cristina Branco

(não me parece, ou se calhar sim, eu é que ainda não reparei!)

What does everyone else think my current theme song is? Man from the Anthill - Khonnor

(também acham que sou o senhor do formigueiro?)

What song will play at my funeral? Silêncio - Pedro Abrunhosa

(parece-me muito bem!)

What type of women do you like? Raining Down - Loopless

(gusto de mulheres que chovam?)

What is my day going to be like? Jelousy – Martin Solveig

(de inveja, só se for do meu penteado…)

Why am I here? Um de Nós Nunca Mentiu - Superego

(pois, deve ser)

What will people remember me for? Walking Away - The Egg

(o cobarde, muito bom!)

What song will I get stuck in my head tomorrow? A Lenda da Irresponsabilidade do Poeta - Superego c/ Manel Cruz

(gosto, gosto)

Are there people outside waiting to take me away? Blame it on my Youth – Jamie Cullum

(não percebi nem a pergunta nem a resposta, mas eu confio no oráculo do mp3!)

What will this year be all about? Quero que tudo vá para o inferno - GNR

(medo…)

What song will be played on my wedding? Sunday Morning – Maroon 5

( não posso casar a um sábado?)

For what would I kill someone? Serenade – Emiliana Torrini

( estão avisados! Não há serenatas pa ninguém!)

What is the most precious in my room? Quebramos os Dois – Toranja

(um quebra-nozes?)

With what song I'm felling asleep? Fisherman’s Woman - Emiliana Torrini

(já há alguns dias que adormeço com esta senhora)

With what song I'm gonna lose/ I lost my virginity? More than Words – Extreme

(apropriado…)

What will be my last thought before I die? Instante a Dois - Cibelle

(pelo menos não morro sozinho)

What is the best song to describe my school mates? London, London – Cibelle & Devendra Banhart

(se o oráculo diz…)

I feel so... Lição de Adição - Pluto

(sinto-me um mais!)

Best song to describe my hidden sexuality? Restos -Toranja

(isto podia dar um filme de terror!)

Of what am I afraid? Mundo Ideal – Alladin OST

(é veridico)

My favourite quote: Tears to Shed – Corpse Bride OST

(acho que nunca a usei, mas é a minha favorita!)

I like to... Entre Iguais - Superego

(hum hum)

I wanna... Where’d You Go – Fort Minor

(falta um “go” ali no meio!)

Me… Kill2 – Khonnor

(medo, parte II)

 

Silêncio - Pedro Abrunhosa

Silêncio é palavra que habita,
que palpita
toda a musica que faço.
É cidade onde aportam os navios,
cheios de sons de distancia de cansaço.
É esta rua onde despida a valentia,
a cobardia se embriaga pelo aço.
È o sórdido cinema onde penetro,
e encoberto me devolvo ao teu regaço.
É a luz que incendia as minhas veias.
Os fantasmas que se soltam no olhar.
Que te acompanham nos lugares onde passeias.
É o Porto onde me perco a respirar.
Silêncio são os gritos de mil gruas,
e o som eterno das barcaças,
que chiando navegam pelas ruas,
e dos rostos que se escondem nas vidraças.

Quem me dera poder conhecer esse silêncio que trazes em ti,
quem me dera poder encontrar o silencio que fazes por mim.
Pelo silencio se mata, por silencio se morre.
Tens o meu sangue nas veias, será que é por mim que ele corre?
Somos dois estranhos perdidos na paz,
em busca de silêncio, sozinhos de mais.
Somos dois momentos, dois ventos cansados
em busca da memória de tempos passados.
Somos dois estranhos perdidos na paz,
em busca de silêncio, sozinhos de mais.
Somos dois momentos, dois ventos cansados
em busca da memória de tempos passados.

Silencio e o rio que esconde o odor
de um prédio enegrecido,
o asfalto que me assalta quando paro,
assomado por um corpo já vencido.
Silencio são as luzes que se apagam,
pela noite na aurora já despida.
E os homens e mulheres que na esquina
trocam prazeres, virtudes, talvez sida.
Silêncio é o branco do papel e o negro pálido da mão,
é a sombra que se esvai feita poema,
num grafitti que é gazela ou leão.
Silencio são as escadas do metro
onde poetas se mascaram de videntes.
Silencio é o crack que circula
entre as ruas eleitas confidentes.

Quem me dera poder conhecer esse silêncio que trazes em ti,
quem me dera poder encontrar o silencio que fazes por mim.
Pelo silencio se mata, por silencio se morre.
Tens o meu sangue nas veias, será que é por mim que ele corre?
Somos dois estranhos perdidos na paz,
em busca de silêncio, sozinhos de mais.
Somos dois momentos, dois ventos cansados
em busca da memória de tempos passados.
Somos dois estranhos perdidos na paz,
em busca de silêncio, sozinhos de mais.
Somos dois momentos, dois ventos cansados
em busca da memória de tempos passados.

Silencio é este espaço que há em mim,
onde me escondo para chorar e ser chorado,
é o pincel que se desfaz na tua boca,
em qualquer doca do teu seio decotado.


Somos dois estranhos perdidos na paz,
em busca de silêncio, sozinhos de mais.
Somos dois momentos, dois ventos cansados
em busca da memória de tempos passados.
Somos dois estranhos perdidos na paz,
em busca de silêncio, sozinhos de mais.
Somos dois momentos, dois ventos cansados
em busca da memória de tempos passados.

Silêncio...


Daquelas surpresas que às vezes temos quando descobrimos músicas que estranhamente nunca ouvimos. Shhhh