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quarta-feira, janeiro 24, 2007 

Como quem diz...



Esta música consegue fazer-me fechar os olhos e respirar fundo logo que entra nos meus ouvidos, e à medida que vai avançando faço-me acompanhar da respiração do contra-baixista durante o seu solo. Depois e com toda ela sobre mim acompanha-me normalmente a leitura, por isso deixo aqui um pequeno acompanhamento para a visão enquanto os ouvidos se deliciam.


Se houvesse degraus na terra...


Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Hérberto Hélder